Robô submarino português desceu sozinho até aos mil metros

É o primeiro veículo submarino autónomo desenvolvido em Portugal para ir a grande profundidade. Objectivo é que seja usado por instituições científicas do país.

07 de Junho de 2017
Navega sozinho debaixo de água a grande profundidade. Chama-se Medusa Deep Sea e é o primeiro veículo submarino autónomo desenvolvido e produzido em Portugal para mergulhar até aos 3000 metros. Acabou de passar um teste importante: pela primeira vez, aventurou-se a descer mais de mil metros, no mar alto.

Os testes no mar decorreram numa campanha (cerca de uma semana) do navio espanhol Sarmiento de Gamboa, a 40 milhas marítimas da costa portuguesa. Houve dois mergulhos do Medusa Deep Sea, um primeiro a 594 metros e depois aquele que atingiu os 1219 metros esta segunda-feira, conta o engenheiro electrotécnico Luís Sebastião, do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) do Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa.

Para explorar o seu imenso mar, incluindo o fundo, Portugal não dispõe de nenhum veículo como o Medusa Deep Sea. O que já tem para avançar pelas profundezas do mar é o robô submarino Luso, que faz parte dos chamados “veículos operados remotamente” (ROV, na sigla em inglês), o que significa que se mantém sempre ligado a um navio com um cabo, por onde é comandado e por onde quem fica no navio vai recebendo imagens em directo e outras informações do fundo do mar durante o mergulho. Foi comprado em 2008, por três milhões de euros, à empresa norueguesa Argus Remote Systems, que o fabricou. É capaz de descer até aos seis mil metros, pelo que chega a 97% de todos os fundos oceânicos. E tem sido usado nos trabalhos de extensão da plataforma continental para lá das 200 milhas.

Já o Medusa Deep Sea, em vez de estar ligado por um cabo a um navio, é o que se designa por um “veículo submarino autónomo” (AUV, em inglês). Ora robôs submarinos como o ROV Luso e o AUV Medusa Deep Sea podem complementar-se na exploração do interior da coluna de água e do fundo do mar e tornar a recolha de informação mais eficiente. Como um batedor no terreno, o Medusa Deep Sea pode fazer os primeiros levantamentos de uma zona com interesse científico ou outro. E, em seguida, poder-se-á enviar o Luso para a explorar com mais pormenor, por exemplo recolhendo amostras de rochas ou biológicas ou obtendo vários tipos imagens de alta resolução. Mas enquanto o Luso é telecomandado, o Medusa Deep Sea segue de modo autónomo um plano de instruções já pré-definidas, resume Luís Sebastião. As informações armazenadas são recuperadas no fim da missão.

Fonte: PÚBLICO